

Fuzil na mão e sem capacete, Rodrigo Oliveira, o número um da tropa de elite da Polícia Civil fluminense, é o primeiro a descer do Caveirão quando a coisa pega
O comandante Rodrigo Oliveira: de volta ao Caveirão um mês depois de sobreviver a um tiro de fuzil no pescoço
“Não vou morrer.” Foi essa a decisão do delegado de polícia e comandante da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), Rodrigo Oliveira, instantes depois de ter sido atingido no pescoço por um tiro de fuzil durante operação na Favela da Coréia, zona oeste do Rio, em outubro de 2007. Reação consciente, deflagrada pela lembrança do filho pequeno e da mulher. Segundos antes, o corpo coberto com quase 30 quilos de equipamento já reagira: uma violenta vertigem tomou o 1,81 metro de altura e os 97 quilos do policial.
Era o primeiro tiro que levava em 13 anos de carreira. Rodrigo tinha avançado sozinho até a parte mais alta da favela, a fim de resgatar um colega ferido. E agüentou firme. Enquanto o sangue empapava o boné que ele usava sob o capacete, o número um da Core raciocinou com frieza. E concluiu: “Preciso me proteger”.
Eram 11 horas da manhã e fazia calor. Rodrigo nem notou que o tiro arrebentara o cordão que trazia no pescoço, o que lhe valeu, espalhados até hoje pela base do crânio, outros fragmentos, além daqueles do projétil calibre ponto 223. Num descampado, deitado ao abrigo da única árvore por perto e sob o ruído furioso das rajadas (que ainda durariam quatro horas), Rodrigo checou os próprios reflexos. A seu lado já estava um policial que saltara com ele de um helicóptero minutos antes, para surpreender os traficantes pela retaguarda e cumprir a missão. Mas o resgate agora era outro, e o sangue já manchava o uniforme negro da CORE. Naquele instante, Rodrigo nem notou a bala cravada no porta-carregador preso à cintura. Amparado pelo companheiro, antes de chegar ao helicóptero, ainda fez graça: “bittencourt, você apertou muito a atadura ou essa falta de ar é a morte chegando?”.
Enfrentar a morte é rotina para os cerca de 220 “operacionais” da Core. Numa cidade em que traficantes usam armamento de guerra, incluindo lança-foguetes, o risco faz parte do dia-a-dia desses policiais. As operações coordenadas pelo “doutor Rodrigo”, como é conhecido, são freqüentes. Ele mesmo já participou de cerca de 170 nos quatro anos como cabeça da Core. “A gente tem que dar o exemplo”, assegura com o desassombro de quem raramente usa o capacete. “Ele tira a visão periférica, indispensável nas favelas, onde a ocupação do solo se deu de forma completamente descontrolada”, explica o delegado, já bem habituado à cartografia dos morros cariocas.
CAÇADORPor estranho que pareça, o confronto com bandidos não estressa Rodrigo. A necessidade de estar alerta é razão para o coordenador da Core sempre ir na linha de frente. “Por mais bem preparado que você esteja, bancar o auto-suficiente é o primeiro passo para o fracasso”, afirma. “Meu papel é de caçador; não de caça.” O chefe da Core contesta o nome pelo qual seu grupo é conhecido: tropa de elite. “É apenas uma tropa mais instruída, mais bem treinada e, principalmente, mais disciplinada”, diz. Rodrigo é apaixonado por sua rotina. Um mês depois do tiro, já estava de volta às ruas e becos, com a bala ainda alojada a menos de meio centímetro da coluna cervical. Ela seria retirada de sua nuca cinco meses depois.
Recentemente, doutor Rodrigo fez questão de participar de uma grande operação na mesma favela onde quase morreu há um ano. Trabalho feito, aproveitou para ir ao local onde levou o tiro. Promessa? Não. O policial queria apenas recuperar uma medalhinha sumida junto com aquele cordão que, dizem, diminuiu o impacto da bala. Dessa vez, não teve sucesso. O crucifixo e o São Jorge da medalhinha ficaram por lá.
O comandante Rodrigo Oliveira: de volta ao Caveirão um mês depois de sobreviver a um tiro de fuzil no pescoço
“Não vou morrer.” Foi essa a decisão do delegado de polícia e comandante da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), Rodrigo Oliveira, instantes depois de ter sido atingido no pescoço por um tiro de fuzil durante operação na Favela da Coréia, zona oeste do Rio, em outubro de 2007. Reação consciente, deflagrada pela lembrança do filho pequeno e da mulher. Segundos antes, o corpo coberto com quase 30 quilos de equipamento já reagira: uma violenta vertigem tomou o 1,81 metro de altura e os 97 quilos do policial.
Era o primeiro tiro que levava em 13 anos de carreira. Rodrigo tinha avançado sozinho até a parte mais alta da favela, a fim de resgatar um colega ferido. E agüentou firme. Enquanto o sangue empapava o boné que ele usava sob o capacete, o número um da Core raciocinou com frieza. E concluiu: “Preciso me proteger”.
Eram 11 horas da manhã e fazia calor. Rodrigo nem notou que o tiro arrebentara o cordão que trazia no pescoço, o que lhe valeu, espalhados até hoje pela base do crânio, outros fragmentos, além daqueles do projétil calibre ponto 223. Num descampado, deitado ao abrigo da única árvore por perto e sob o ruído furioso das rajadas (que ainda durariam quatro horas), Rodrigo checou os próprios reflexos. A seu lado já estava um policial que saltara com ele de um helicóptero minutos antes, para surpreender os traficantes pela retaguarda e cumprir a missão. Mas o resgate agora era outro, e o sangue já manchava o uniforme negro da CORE. Naquele instante, Rodrigo nem notou a bala cravada no porta-carregador preso à cintura. Amparado pelo companheiro, antes de chegar ao helicóptero, ainda fez graça: “bittencourt, você apertou muito a atadura ou essa falta de ar é a morte chegando?”.
Enfrentar a morte é rotina para os cerca de 220 “operacionais” da Core. Numa cidade em que traficantes usam armamento de guerra, incluindo lança-foguetes, o risco faz parte do dia-a-dia desses policiais. As operações coordenadas pelo “doutor Rodrigo”, como é conhecido, são freqüentes. Ele mesmo já participou de cerca de 170 nos quatro anos como cabeça da Core. “A gente tem que dar o exemplo”, assegura com o desassombro de quem raramente usa o capacete. “Ele tira a visão periférica, indispensável nas favelas, onde a ocupação do solo se deu de forma completamente descontrolada”, explica o delegado, já bem habituado à cartografia dos morros cariocas.
CAÇADORPor estranho que pareça, o confronto com bandidos não estressa Rodrigo. A necessidade de estar alerta é razão para o coordenador da Core sempre ir na linha de frente. “Por mais bem preparado que você esteja, bancar o auto-suficiente é o primeiro passo para o fracasso”, afirma. “Meu papel é de caçador; não de caça.” O chefe da Core contesta o nome pelo qual seu grupo é conhecido: tropa de elite. “É apenas uma tropa mais instruída, mais bem treinada e, principalmente, mais disciplinada”, diz. Rodrigo é apaixonado por sua rotina. Um mês depois do tiro, já estava de volta às ruas e becos, com a bala ainda alojada a menos de meio centímetro da coluna cervical. Ela seria retirada de sua nuca cinco meses depois.
Recentemente, doutor Rodrigo fez questão de participar de uma grande operação na mesma favela onde quase morreu há um ano. Trabalho feito, aproveitou para ir ao local onde levou o tiro. Promessa? Não. O policial queria apenas recuperar uma medalhinha sumida junto com aquele cordão que, dizem, diminuiu o impacto da bala. Dessa vez, não teve sucesso. O crucifixo e o São Jorge da medalhinha ficaram por lá.
Rodrigo Oliveira
Parabéns,
ResponderExcluirTe admiro muito desde os velhos tempos de tijuca.
Sempre que te vejo nas açoes me orgulho de ter te conhecido embora hoje já nao deva lembra de quem sou.
Um grande abraço e quando te encontrar pela rua vou falar com vocÊ! rs!
abraço e continue assim pois é de possoas como você que nós precisamos!
Esse é um verdadeiro policial que ama o que faz, não conheço ele sou de salvador mas acompanho a trajetoria dele.em breve estarei no rio e como policial.
ResponderExcluirParabéns a vc rodrigo é de um delegado como vc que o brasil precisa.
um forte abraço(salvador-bahia)
Qd ele esteve na Camarista Méier num confronto eu estava na padaria saindo e me disse:
ResponderExcluirSenhor acelera aí que a chapa tá quente e eu não pensei duas vezes isso, no tempo de cadeira e trajano