sábado, 27 de março de 2010


Um dos policiais que participou da Operação Família S.A. vive um drama. Lotado na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), desde 2003, o agente Theophilo Augusto de Azambuja Neto, 47 anos, foi até o Morro do Borel, na Tijuca, na Zona Norte do Rio, na manhã do dia 30 de novembro do ano passado executar a etapa operacional da ação que terminou com a prisão de 23 pessoas ligadas ao traficante Isaías Costa Rodrigues, o Isaías do Borel.
Na linha de frente da ocupação da comunidade, Theophilo avistou no interior da favela uma casa usada como local de endolação de drogas, de onde dois suspeitos fugiam. Na perseguição à dupla, o agente escorregou no terreno cheio de lama e rompeu o ligamento do joelho esquerdo, provocando uma gravíssima lesão no menisco.
O policial foi socorrido pelos colegas até o Hospital Geral do Andaraí, no bairro de mesmo nome, também na Zona Norte, onde foi constatada a gravidade da lesão. O policial entrou de licença no mesmo dia por acidente de trabalho.
O que o agente com quase 25 anos de Polícia, casado e pai de dois filhos, não sabia é que, em razão do acidente, a instituição a quem se dedicou a vida inteira lhe negaria o direito à gratificação de cerca de R$ 1 mil que recebia mensalmente.
A decisão decorre de uma regulamentação feita pela Secretaria de Estado de Segurança Pública, com base no decreto do Governo do Estado, que instituiu a gratificação para policiais que trabalham nas unidades de Delegacia Legal. De acordo com a resolução, a gratificação deixa de ser paga aos policiais que entrarem em licença médica.

“Já tentamos dialogar com o secretário de Segurança no sentido de derrubar essa resolução, que acaba punindo aqueles policiais que se acidentam no cumprimento do dever, mas não há indicação alguma de que a Secretaria irá fazer qualquer coisa para modificar isso”, diz Francisco Chao, diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sindpol).
Enquanto aguarda a recuperação, que deve durar cerca de 8 meses, resta ao policial, às voltas com a necessidade da compra de medicamento e exames, reorganizar o orçamento familiar.
“Não é nem tanto o dinheiro, mas a falta de reconhecimento que me revolta. Essa determinação pode ser legal, mas é injusta. Foi uma grande decepção com a instituição em que investi tudo na minha vida. Fiz uma faculdade de Direito, diversos cursos. O ferimento físico cicatriza, mas essa facada não dá pra esquecer porque é profunda e dói muito. Hoje vejo que se eu tivesse morrido no cumprimento do dever minha família ficaria desamparada”, desabafa o agente.
Procurada pela equipe de reportagem do Jornal POVO do Rio, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que Théofilo deixou de receber o benefício, pois não concluiu o curso de homicídio que estava fazendo na Academia de Polícia Civil Sylvio Terra (Acadepol). As informações foram passadas à assessoria através do 2° Setor Geral de Administração e Finanças.
O policial explicou que o curso era destinado apenas a agentes lotados em unidades de Delegacia Legal. Até o fechamento desta edição, a instituição não enviou nova resposta

5 comentários:

  1. É uma mentira deslavada da assessoria de imprensa da Polícia Civil, pois os policiais da CORE, nunca fizeram esses cursos na Acadepol, nossos cursos eram sempre operacionais, instruções de tiros, de abordagem, treinamento de entrada em locais de risco, etc…
    E mais, eu não poderia não ter concluído o curso de Homicídio da Acadepol, por que nem comecei a fazer curso algum.
    Se começaram a dar cursos para os agentes da CORE, isso começou depois que eu estava de licença por acidente de trabalho, e me locomovendo com muita dificuldade, logo impossível.
    O decreto 25.847, de 20/12/1999, que criou essa gratificação é indecente por que :

    Cortam a gratificação em caso de:

    A – licença para tratamento de saúde, quer dizer que o policial que tiver um câncer será castigado, punido com o corte.

    B – O policial se afastar por doença na família; e aí fica claro que quem criou esse decreto não tinha nem mãe, nem filhos.

    C – No caso de repouso à gestante; e aí fica claro que é também misógino.

    D – Para acompanhamento do cônjuge; mais uma prova da misoginia do elemento que bolou esse decreto.

    E – Em caso de licença prêmio; o que descaracteriza o sentido de prêmio da licença.

    F – Em caso de diplomação para mandato legislativo, ou nomeação em cargos comissionados na esfera dos 3 poderes; o que me parece correto, pois só vai trocar que achar que é vantajoso

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  2. É lastimável o que vem ocorrendo me nosso Estado. O Policial é ferido em ação, ou sofre uma cidente de serviço e em troca o Governo do Estado o pune com a retirada de sua gratificação. Qualquer pessoa racional entende que, nessas horas é que mais o policial precisa de Apoio financeiro, infelizmente o governo do Estado não entende isso, pelo contrario, humilha o policial civil.
    Humberto Fittipaldi Filho/PCERJ

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  3. Infelizmente essa é a política de segurança imposta pelo nosso governador. Somos uma classe massacrada pelos interesses alheios, sempre usados como massa de manobra. Onde ficam nossa dignidade, nosso respeito, nosso amor próprio ? Acho que já está na hora de acordarmos e reagirmos a esse descaso total…

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  4. Devolveram minha gratificação.
    É uma prova de que fazendo barulho e brigando pelo certo, conseguimos o que é direito.
    Quero agradecer a cada um de vocês, que postaram, que apoiaram, que divulgaram meu grito de revolta.
    Funcionou.
    Quero agradacer também a cúpula que me apoiou, o Chefe de polícia Dr. Allan, Diretor do DPE , Dr. Rodrigo Oliveira e o Dr. Jansen da ANL.
    Neste caso a justiça foi feita e foi restabelecido o pagamento da gratificação.
    Após dias sem conseguir dormir direito, acho que agora vou conseguir.
    Vou deitar e dormir uma noite inteira sem ficar pensando em como solucionar meus problemas, minhas dívidas.
    Obrigado Doutor.
    Caso solucionado

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  5. Parabéns ao Rodrigo pela iniciativa de colocar a boca no trombone e ao policial, pelos anos de serviços prestados a populaçao. Infelizmente acidentes acontecem e quando isso ocorre o minimo que esperamos e a mao amiga, seja do estado ou dos colegas da corporaçao.
    Neste caso pelo que percebi os colegas tiveram braços maiores e as maos chegaram primeiro, mas graças a deus o estado acordou e nao abandonou mais um de seus guerreiros!
    Parabéns a vocês!

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